A História Esquecida da Maconha
Saiba como a maconha tornou-se ilegal.
A História Esquecida da Maconha
Até os anos 30, a maconha era conhecida nos EUA apenas pelo seu nome medicinal - cannabis. William Randolph Hearst, utilizando-se do ódio a imigrantes mexicanos e espanhóis, popularizou o nome marijuana, dando a impressão de que a erva era um mal vindo de outro país, podendo, então, demonisá-la.
A história esquecida da maconha é uma lição de como interesses industriais sempre sacrificaram a sustentabilidade para colocar a humanidade num curso de destruição ambiental. Ativistas pró legalização dizem que a proibição começou nos EUA devido à ameaça que a planta fazia frente aos interesses ligados ao lucro com indústrias do plástico, produtos têxteis e de papel do magnata da mídia William Randolph Hearst e da companhia DuPont, ligada à indúsria têxtil.
A maioria dos produtos como cordas, velas (de embarcações) foram feitas de fibra de maconha desde 8,000 antes de cristo até o começo do século 20. No livro "The Emperor Wears no Clothes" (o imperador não veste roupas), o ativista pró-legalização Jack Herer afirma que Napoleão invadiu a Rússia em 1812 para cessar a venda dos russos aos ingleses, pois a planta era muito valiosa e útil nas mais diversas formas na Inglaterra. A declaração de independência dos EUA foi escrita em papel feito com a fibra do cânhamo, subproduto da planta.
Contudo, Herer diz que o uso industrial da planta caiu no começo do século 20 devido à "falta de tecnologia necessária para a produção em massa". Mas, em 1916, o departamento de agricultura dos EUA declara que uma tecnologia capaz de tornar a maconha como o principal produto agrícola dos EUA estava sendo desenvolvida. O departamento de agricultura dos EUA declarou, à época, que 1 acre de plantação de maconha era capaz de produzir a mesma quantidade de papel que 4,1 acres de árvores desmatadas para a produção do mesmo.
Nos anos 30, quando as novas tecnologias para o plantio de maconha começaram a ser utilizadas a um custo financeiro razoável, a Hearst Paper Manufacturing Division, Kimberley Clarke e todas as companhias de madeira, papel e muitos muitos magnatas por trás de grandes jornais perderiam bilhões de dólares, caso não agissem em favor da criminalização da planta.
Mas a volta da maconha industrial nos anos 30 não ameaçou apenas interesses de jornais e tais companhias. A forte fibra natural do cânhamo também é ideal para a produção têxtil, de plástico e até mesmo explosivos. A DuPont acabara de patentear o nylon, assim como processos de produção de plástico a partir de petróleo e novas tecnologias altamente poluidoras como a produção do papel a partir da madeira.
Nos anos 30, os jornais de Hearst deliberadamente fabricaram uma nova ameaça aos EUA. O próprio declarou, mais tarde que: "Uma história de um acidente de carro no qual um baseado foi achado dominaria as manchetes por semanas, enquanto que acidentes causados por consumo de álcool só apareceriam nas páginas internas".
De acordo com os próprios registros internos da DuPont, Herer explica: "80% dos negócios da DuPont não seriam possíveis caso a proibição da maconha não acontecesse."
Em 1937, a maconha se tonaria ilegal, após a lei chamada de Marijuana Tax Act removê-la do mercado. Mas antes que fosse proibida, a erva necessitou ser demonizada. É aí que entra o papel de William Randolph Hearst, megamilionário controlador da maioria dos meios de comunicação estadunidenses da época, na vida do qual foi baseado o filme de Orson Welles "Cidadão Kane". Hearst usou a sua cadeia de jornais para espalhar a propaganda antimaconha, apesar de diversos relatórios oficiais da Inglaterra e EUA concluírem que o uso da erva não trazia mais danos à saúde do que outras drogas legalizadas.
O pesquisador Herer diz que a ficção de crimes relacionados à maconha tomaram conta da mente dos americanos através do uso de manchetes histéricas comos "Causadora de Loucura" e "Maconha - assassina da juventude". Através dos anos 30, a rede de tablóides de Hearst publicava matérias sensacionalistas sobre "pretos chapados de maconha" que supostamente estupravam mulheres brancas, enquanto tocavam uma música de "vudú satânico", nos dias de hoje conhecida simplesmente como Jazz. A campanha de Hearst seria hoje motivo de riso não fosse a "cannabisfobia" que ajudou a criar. A corporação Hearst, dona da National Magazine Company, da Inglaterra, e publicadora de Cosmopolitan e Esquire, mostraram-se portadoras do mesmo tipo de sensacionalismo em relação à maconha.
Após proibida nos EUA, o país lançou uma campanha mundial que acabou por proibir o cultivo da planta na maioria dos países até os dias atuais.
Fontes: Jack Herer The Emperor Wears No Clothes
http://www.igl.net/wwwcurr/messages/834.shtml
imagens
: 1 - Capa do Filme de Orson Welles - Cidadão Kane
2 - Orson Welles em Cidadão Kane
3 - Orson Welles em seu programa de rádio.
A Verdade sobre a maconha que poucos conhecem.
Propaganda Anti-Maconha
MAIS ALGUMAS CURIOSIDADES
Mais sobre o Marihuana Tax Act
porBaco 04/11/2003 02:39
Quem leu o texto acima já deve saber que a maconha ficou conhecida como marijuana devido à campanha orquestrada por William Hearst. Quem sabe um pouquinho de inglês também sabe que o termo Marijuana é uma gíria, um termo preconceituoso, uma forma não só cruel de disseminar o preconceito contra latino-americanos como também efetiva de criar ilusões e medos no inconsciente coletivo dos estadunidenses.
Pois bem. O ódio de Hearst pelos mexicanos iniciou-se após perder 800 mil acres de terra nas fronteiras com o México, tomados pelo líder guerrilheiro mexicano Pancho Villa.
A palavra em inglês que denomina maconha é hemp. Por que a palavra usada para escrever uma lei é uma gíria? O fato de ter sido usada uma gíria, meus caros, não é derivado de nenhuma tentativa de aproximação partindo do Estado para usar uma linguagem popular. Acontece que a substância demonizada não era a hemp, era a marijuana. Não, não são a mesma coisa.
Hemp é o nome com o qual era conhecida a maconha antes mesmo de se cogitar o seu uso para fim recreativo. Era o nome pelo qual a grande maioria das pessoas conhecia a erva, e bem de perto, através de suas múltiplas aplicações no cotidiano.
Marijuana é a gíria, surgida de um racista ressentido e rancoroso contra um mexicano que lhe tomou as terras. Marijuana era a substância que trazia doenças à alma das pessoas, a evil dope (algo como droga do diabo), a droga difundida entre os pretos (como chamava, aos negros, Hearst - negroes = pretos) e mexicanos. Estranho como os exploradores repetem seus preconceitos e o reproduzem aqui e ali. No Brasil, escravo negro também era considerado "preguiçoso" pelo colonizador branco. A Bahia é vista como o estado da preguiça enquanto que na verdade é um dos mais miseráveis, na região do país onde as pessoas mais têm que se matar de trabalhar todos os dias pelo mínimo necessário. E o fazem.
Enfim, o fato é que a população estadunidense, em sua maioria, sequer sabia, de fato, o que era Marijuana. E foi por isso que escreveram a lei com uma gíria, talvez a única lei no mundo escrita com uma gíria. Impedia os estadunidenses de ligar o nome à palavra, perceber que estava sendo proibida aquela planta sobre a qual muito se sabia de suas diversas aplicações, a hemp.
Mais do que isso, é também a tentativa do governo americano de disseminar um preconceito aos latino-americanos, afim de poder aplicar sua política externa CANIBAL.
(Matérias, Videos e textos: fonte internet) (http://www.midiaindependente.org/pt/green/2003/11/267166.shtml)
JAH BLESS